20.1.18

CHEGANDO EM AGUA NEGRA

(Escrito por Flávio Faria). Vou resumir 2 dias da viagem hoje.

Dia  28/12, quinta - de IBATÉ a EL ALTO, Argentina -  911 km rodados hoje. Total de 2.994  km.

Dia 29/12, sexta - de EL ALTO a RODEO, Argentina - 679 km rodados hoje. Total de  3.673km (sendo 1636 no Brasil e 2064 na Argentina)

1) É bom relembrar que estamos viajando em 4 pessoas (Flávio, Gilson, Marcus e Zael). Paulo Amaral e Anderson sairão de Brasília no dia 30/12. Desde que entramos na Argentina, no dia 27, trafegamos por sete províncias (equivalente aos "Estados" no Brasil): Missiones, Corrientes, Chaco, Santiago del Estero, Catamarca, La Rioja e San Juan. Vou falar um pouco dessa experiência:

2) Tivemos uma surpresa boa ao passar pela cidade de Corrientes. Não passamos pelo posto da polícia caminera, super especializado em achacar motoristas, mundialmente famoso na arte de cobrar propinas!  Não tivemos tempo pra tomar uma cerveja pra comemorar isso! Cheguei até a pensar que ele não existia mais, mas apenas mudou de lugar. Agora está localizado num ponto problemático para parar o trânsito, próximo à ponte que separa Corrientes de Resistência (capital da província del Chaco). Na entrada do Chaco, encontramos um casal jovem de Goianésia, Renato e Jaqueline, que está fazendo a sua primeira viagem internacional, com destino ao Deserto do Atacama. Eles me fizeram lembrar na minha própria história. Minha primeira viagem internacional também foi para o Atacama, ao lado da minha esposa Rosane e do meu amigo Paulo Amaral (que está no Grupo 2 desta viagem), em outubro de 2007.

3) O Chaco argentino é umas das regiões mais quentes da América do Sul (mais quente que o próprio Atacama), mas desta vez fomos surpreendidos por  temperatura agradável e aproximadamente 80 km de chuva forte. Mas, em contrapartida, Santiago del Estero nos esperava com sensações térmicas acima dos 35 graus, com retas infindáveis de dar sono. A partir dali percebem-se os sinais das regiões menos desenvolvidas: rodovias ruins, sujas, com muitos remendos e buracos; cabritos, porcos e cavalos ao largo da via; serviços ruins e longas distâncias entre postos de gasolina. Por falar nisso, quase ficamos sem gasolina e sem dinheiro. Não conseguimos sacar nos caixas eletrônicos argentinos. Tentamos nos bancos Nacional da Argentina e de Santiago del Estero. Rejeitaram  nossos cartões! E por aqui ninguém se interessa por dólares (difícil trocar moedas). Às 19h30, entramos capital da província de Estero para providenciar dinheiro em espécie. Eu e Zael conseguimos sacar 2000 pesos cada na opção "cartão de crédito", no caixa eletrônico do Banco Santander, e pagamos 195 pesos de tarifa cada por essa operação. E ainda teremos que pagar 6% de IOF. Foda, véi!

4) Ontem, dia 28, tivemos que rodar até às 21h30 (22h30 no Brasil) pra encontrar um hotel pelo caminho. Saímos da rodovia principal mais de 20 km e fomos dormir num lugar péssimo, numa vilazinha chamada El Alto, em pensão de quinta categoria, sem wi-fi e água quente. Pra piorar, não conseguimos cerveja em lugar algum pra arrebatar o calor, nem nos bares da localidade. Antes de anoitecer, das 17h às 20h30h, pilotamos com sol batendo na cara. E como diz o poeta: "Pior que sol de frente, só dor de dente e cerveja quente!". No dia seguinte percebi que estava sem o meu celular. Não sei se deixei na pensão ou se o perdi pelo caminho.

5) A partir de Catamarca, no sopé da Cordilheira dos Andes, começamos a conviver com curvas maravilhosas, que dão real prazer à pilotagem. Na província de San Juan entramos no trecho argentino da travessia de Água Negra, um dos lugares mais pitorescos desse planeta. A partir de amanhã postaremos fotos.

6) Paramos para dormir em Rodeo, Argentina (de onde escrevo essas mal traçadas linhas), na pousada "Cinquenta Nudos", que quer dizer "50 nós" em espanhol (velocidade do vento), construída de forma artesanal pelas mãos do proprietário Hernan, durante 13 anos de trabalho contínuo e árduo.  Aqui nesta cidade há ventos ideais para a prática do kitesurf, num lago chamado Cuesta del Viento. Vale a pena se hospedar aqui!

No Paso de Agua Negra, lado argentino










Lago Cuesta del Viento

Com o casal Renato e Jaqueline, de Goianésia






4 comentários:

  1. Massa, viajei nos seus sentidos.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom! Continuo de carona nos relatos do Flavião!

    ResponderExcluir
  3. Caramba, me lembrei com saudades da nossa viagem ao Atacama.

    ResponderExcluir
  4. Flávio
    Estou curtindo a viagem .....pegando carona.
    Fotos incríveis e textos legais.
    Forte abraço.

    ResponderExcluir