20.1.18

CHEGANDO AO BRASIL

Dia 13/1/2018, sábado - de PUERTO MALDONADO a RIO BRANCO - 565 km hoje. Total de 8.228 km rodados desde Brasília (sendo 1717 no Brasil2160 na Argentina e 2349 no Chile e 2002 km no Peru)

1) Mal saímos de Maldonado, às 8h da manhã, a chuva nos pegou pelo caminho. Chuvinha gostosa que não chegou a afetar o ritmo da viagem. O grande problema do trecho de Maldonado até a fronteira brasileira é a absurda quantidade de quebra-molas instalados pela Odebrecht na rodovia. Eu havia abordado esse assunto em 2010 e resolvi contar um a um, pra dar informação exata neste blog... mas quando estava perto dos 200, me perdi nas contas... Estava dando sono. Gastamos 8h30 de viagem para cumprir os 565 km de hoje. E nem foi culpa da aduana peruana, porque fizemos todos os trâmites em meia hora.

2) Se eu tivesse classificar cada trecho de hoje, diria que de Cusco a Maldonado é "Trecho das Curvas Fechadas"; de Puerto Maldonado à fronteira, o "Trecho dos Quebra-molas"; e a Estrada do Pacífico (nome bonito, não?), a BR 317, seria o "Trecho dos Buracos Malditos“. Foi um exercício excepcional de Mindfulness superar os desafios desde o Peru.

3) Pelo caminho, as chuvas vinham e voltavam. Quando chegamos a Iñapari, fronteira com o Brasil, com calor próximo aos 40 graus, sequer nos preocupamos a colocar roupa de chuva. Nos encharcamos pra valer na tentativa de reduzir a sensação térmica.

4) Atravessamos a fronteira e não vi nenhuma placa de boas vindas ao Brasil. Não foi preciso. Uma buraqueira infernal, em pistas arrebentadas (nesta porcaria de Estrada do Pacífico), com muitas depressões e matagais pelas bordas, nos anunciava que estávamos de volta ao nosso País. Foi até divertido pilotar ziguezagueando pela via para achar um ponto que não houvesse buraco. Mas, depois de 260 km, essa brincadeira cansou! Os buracos só acabam no município de Capixaba, a 80 km da capital do Acre.

5) Chegamos a Rio Branco e nos instalamos no hotel Terra Verde, próximo ao rio Acre, a 100 reais por quarto individual. Saímos logo após uma breve ducha pra comer alguma coisa à beira do rio. Fomos surpreendidos por música ao vivo de primeira qualidade. Fechamos a noite ouvindo uma dupla local. Teve a canja de um cantor português, Mário, que nos encantou com músicas fantásticas de Pink Floyd, Eagles, Creedence, dentre outras.

6) Hoje foi a noite da despedida do nosso grupo. Há duas motos novas na nossa comitiva que estão no limite da quilometragem de revisão, e precisam fazê-la para não perder a garantia de fábrica. Por causa disso, Zael ficará em Rio Branco para fazer a revisão na Honda, e tentar resolver os problemas de falhas de aceleração que têm sido recorrentes; Gilson seguirá para Porto Velho para fazer a revisão de sua GS 1200 na concessionária da BMW. Paulo Amaral fará companhia ao Gilson. Eu, Marcus e Azeite, que temos motos já bastante rodadas (sem problemas de garantia), voltaremos a partir de amanhã (um dia antes) para Brasília.

7) Hoje nossa viagem chegou ao vigésimo dia, com mais de 8.000 km rodados, sem um único atrito entre nós. Foram muitos momentos de parceria e piadas. Uma pena nesse finalzinho de aventura não voltarmos juntos para Brasília. Zael foi um parceiro presente e sereno mesmo diante das dificuldades. Gilson e Paulo Amaral já demonstraram seu excepcional senso de irmandade em outras viagens comigo, a ponto de sermos chamados de "Trio Ternura" pelos amigos sacanas de moto clube. Estamos voltando um dia na frente, porque minhas férias já estão no fim.


Entrando no Brasi


Almoço na fronteira Peru/Brasil, em Iñapari



Despedida do grupo, em Rio Branco/AC


Dia 14/1/2018, domingo - de RIO BRANCO/AC a ARIQUEMES/RO - 706 km hoje. Total de 8.934 km rodados desde Brasília (sendo 2423 no Brasil2160 na Argentina e 2349 no Chile e 2002 km no Peru)


1) Saímos eu (Flávio), Marcus e Anderson do hotel, por volta das 8h, sem incomodar nossos outros três amigos que retornarão pra Brasília mais tarde, depois de revisarem suas motos nas concessionárias de Rio Branco e Porto Velho.

2) Mais um dia de fugindo dos buracos da estrada. Não é brincadeira! Foi um exercício mental desgastante ter que se livrar das buraqueiras durante quase um dia inteiro. Estamos numa região de chuvas, que maltratam as estradas mal feitas. Uma situação de abandono alarmante, que particularmente me causa preocupação quanto ao futuro do nosso País. Imaginem tentar explicar que a ligação entre duas capitais de dois importantes Estados do Norte (Acre e Rondônia), se faz por estradas arrebentas e ainda nos obriga a pegar uma balsa pra atravessar o rio Madeira, porque a construção da ponte está parada há 3 anos.

3) CADÊ A FLORESTA QUE ESTAVA AQUI? - Mais outro problemaço que observamos. Só se vê pastagens, gado e desmatamento da BR 364. A questão ambiental aqui é tratada como lixo. Não há florestas, apenas uns "tufos" de árvores sem qualquer "corredor ecológico" que permita o deslocamento da fauna nativa. Uma ocupação irracional, sem critérios, que está  acabando com a Amazônia definitivamente.

4) Começamos meio desanimados o dia hoje. Pensar que teremos que pilotar 3100 km entre Rio Branco e Brasília dá sono. Nosso País é enorme mesmo! Isso é mais do que rodamos em cada país estrangeiro e essa distância só é um pouquinho menor que a de Brasília ao Deserto do Atacama, no Chile. E para lá temos estradas boas. Esse trajeto de volta, se dermos muita sorte, será possível fazer em 4 dias, embaixo de chuva, encarando buracos de todos os tamanhos e profundidade.


5) Passamos tranquilamente pelo trecho que temíamos, que poderia ser interrompido por causa da cheia do rio Madeira. Soube (não oficialmente) por um casal de motociclistas de Ariquemes que conhecemos na balsa, que aumentaram a vazão da barragem de Jirau, pra reduzir o risco do transbordamento do rio sobre a rodovia. Tivemos sorte, porque houve redução no volume de chuvas de ontem para  hoje. Vale lembrar que o Acre ficou isolado por diversas semanas em 2014, em decorrência da mesma cheia do rio Madeira. Espero que isso não se repita neste ano.

BR 364 entre Rio Branco/AC e Porto Velho/RO

BR 364 entre Rio Branco/AC e Porto Velho/RO

BR 364 entre Rio Branco/AC e Porto Velho/RO

BR 364 entre Rio Branco/AC e Porto Velho/RO


Balsa Rio Madeira

Balsa Rio Madeira

Balsa Rio Madeira

Balsa Rio Madeira

Balsa Rio Madeira

BR 364, águas do rio Madeira chegando à rodovia

BR 364, águas do rio Madeira chegando à rodovia

Pôr-do-sol na BR364

BR 364, águas do rio Madeira chegando à rodovia
BR 364, águas do rio Madeira chegando à rodovia

Piscina no hotel, em Ariquemes, depois de 1 dia de buracos 

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