20.1.18

CHEGANDO AO PERU (AREQUIPA)

Dia 7/1/2018, domingo – De ARICA (CHILE) à AREQUIPA (Peru) - 429 km hoje. Total de 6.549 km rodados desde Brasília (sendo 1636 no Brasil2160 na Argentina e 2349 no Chile e 404 km no Peru)

1) Esqueci de dizer que no Chile há pedágios (inclusive para motos), mas eles só são cobrados onde as pistas são duplicadas!!!!! Esse exemplo bem poderia ser seguido por nosso país, não? 

2) Saímos de Arica (Chile) em direção à Arequipa (Peru) pelo mesmo território árido e desértico que nos acompanha há diversos dias. As rodovias chilenas são excepcionais, mas as peruanas são precárias. Não há pistas duplicadas, terceiras faixas, acostamentos e ainda existem muitos buracos e quebra-molas (como no Brasil), particularmente quando se passa por dentro de povoados. Cheguei a pensar que havia furado o pneu traseiro da moto, por conta dos remendos na pista. Nos trechos montanhosos é praticamente impossível realizar uma ultrapassagem segura, mesmo com motos potentes.

3) Gastamos mais de duas horas na aduana compartilhada Chile/Peru e na contratação do seguro SOAT, obrigatório para estrangeiros. Acho que foram aproximadamente 10h somadas em procedimentos aduaneiros desde a Argentina. Foi na aduana que conhecemos um simpático motociclista mineiro numa Tiger 800, chamado Rodrigo, que está fazendo 3 países em viagem solitária (esse tem minha admiração plena).

4) A chegada à Arequipa é de doer! Centenas de caminhões e vans amarrando o trânsito e uma buracaria sem fim. Foram duas horas transitando pela periferia da cidade. Trafegar pelo trânsito de qualquer cidade peruana é difícil de entender. Foge a qualquer regra da civilização ocidental. A preferencial é sempre decidida por quem buzina primeiro. Foi uma coisa irritante conviver com tanta buzina no ouvido! E os automóveis têm preferência em relação aos pedestres. Demoramos a nos acostumar com a regra de trânsito local.  Encontrar um hotel foi dureza, mas contamos com a ajuda de um jovem estagiário de turismo, Harold, que se empenhou bastante para achar hospedagem para nós. Claro que os estacionamentos são pagos por fora, porque os hotéis próximos ao centro não possuem espaço para garagem.

5) Arequipa tem arquitetura similar a qualquer outra cidade antiga oriunda da colonização espanhola.  Possui uma praça central espaçosa (geralmente chamada Plaza de Armas), e todo o resto cresce em derredor dela. A cidade fica no fantástico Vale do Colca, que possui o cânion mais profundo do mundo, de onde se pode avistar, com certa proximidade, ninhos de condores.

Arequipa, Peru

Arequipa, Peru

Arequipa, Peru

Arequipa, Peru

Arequipa, Peru
I
Flávio (eu), com a Plaza de Armas ao fundo
Arequipa/Peru


Arequipa/Peru

Anderson, Flávio, Gilson, Marcus, Zael e Paulo

Arequipa/Peru


Dia 8/1/2018, segunda – AREQUIPA (Peru) a AYA VIRI- 355 km hoje. Total de 6.904 km rodados desde Brasília (sendo 1636 no Brasil2160 na Argentina e 2349 no Chile e 759 km no Peru)

1) Saímos de Arequipa cedo, já preparados para encarar engarrafamento na saída da cidade. Assim fomos. Demoramos 2h pra fazer os primeiros 84 km, respirando fumaça de óleo diesel dos caminhões à frente. Já estávamos a 3500 m de altitude e continuamos subindo a cordilheira até 4400 m. Atravessamos o Parque Nacional do Colca já sem trânsito, acolhendo a sugestão do nosso guia Harold.

2) Uma coisa é certa. Os Andes peruanos são lindos. Diferente do que vimos até aqui, onde prevalecia cascalho e areia, as montanhas andinas do Peru são verdes, cobertas por gramínea extensa, que serve de pastagem para lhamas, guanacos, vicunhas, cabras e vacas, que ficam ao largo da pista.

3) HOJE FOI UM DIA DURO!!! Além de chuva de água e de gelo, frio de 6 graus (sensação térmica abaixo de zero), a moto do Zael, uma Honda Africa Twin, começou a falhar pelo caminho. Nossa média de viagem foi bastante reduzida por causa disso.Também erramos a entrada de um atalho de rípio que deveríamos ter tomado em direção a Sicuani. Seriam apenas 2 km de rípio, que nos poupariam 75 km de estrada e a passagem por dentro da famigerada Juliaca. Nosso grupo nesse momento estava disperso, e passamos do ponto de entrada do atalho (que  não constava do GPS). 

4) Quando tentamos sair de Juliaca, observamos que o único trajeto possível para Cusco (bem  no centro da cidade) era por intermédio de dezenas de buracos enormes (alguns até caberiam um caminhão de carga inteiro) cobertos de água e lama. Não dava pra saber a profundidade. Seguimos os tuc-tucs obedecendo ao raciocínio lógico de que onde passa um tuc-tuc, também passa uma moto. Assim fomos, a menos de 10 km por hora, com as rodas da moto semi encobertas pela lama, morrendo de medo de cair. Anderson, nosso jovem parceiro, "o filósofo", sempre diz que "tudo é uma questão de ponto de vista". Sempre temos a oportunidade de ver as coisas pelo lado positivo ou negativo. Baseado nessa premissa, olhando pelo lado "positivo", concluímos que "Juliaca é um dos piores lugares do mundo!". Chato concluir isso, porque é passagem obrigatória para quem vai para o Lago Titicaca e Cusco. De modo geral, o Peru piorou muito desde a última vez que estive aqui, em 2010. A favelização das cidades andinas é notória. Parece que o Estado se esqueceu de Juliaca. Ruas esburacadas, lama, lixo nas ruas e um trânsito maluco que não dá pra entender.

5) A noite nos pegou pelo caminho com chuva e muito frio. Não avançamos muito. Tivemos que parar em uma vilazinha chamada Aya Viri e nos hospedamos em mais um hostal mequetrefe pelo caminho. Sem água quente, sem wifi e sem café-da-manhã, a um custo de 25 soles por cabeça em quarto compartilhado. Vale lembrar que a moeda peruana (sol) vale R$ 1,25.  

Lago nas proximidades de Juliaca

Lago nas proximidades de Juliaca

Artesanato pelo caminho


Na estrada para Juliaca

Tuc-tucs

Tuc-tuc

Tuc-tuc

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